Magalhães Luís
Uma conversa com Deus
Conversando com Deus não se dá pelo tempo...
Como é que Deus se pode contar? Se é que se pode contar...
Falem de mim por aquilo que vos está mais próximo, é a melhor maneira. Oiçam as crianças e os poetas. Oiçam as montanhas, os oceanos. Oiçam as árvores e as folhas de erva. Um poeta escreveu: «Creio que uma folha de erva não vale menos do que a jornada das estrelas,/ E que a formiga não é menos perfeita.../ E que o sapo é uma obra-prima para o mais exigente,/ E que a vaca ruminando com a cabeça baixa supera qualquer estátua,/ E que um rato é milagre suficiente para fazer vacilar milhões de infiéis». Ele tem razão.
Mas falar de Deus assim, dessa forma tão próxima, também confunde...
Gosto de observar a vossa irrequíetude. Nada vos parece suficiente. Nada serve como definitivo. Pergunto-me, por vezes, se isso é defeito ou feitio.
E chega a alguma conclusão?
(Rindo-se) Uma das vantagens de ser Deus é não precisar de chegar a sítio algum, porque já estou em toda a parte.
Vê, essas facilidades dificultam-nos a compreensão. Os filósofos escolásticos ensinavam que enquanto nós somos existências, Deus é essência. É uma definição árdua, nem conseguimos bem imaginar o que seja.
Mas eu venho ao vosso encontro. O profeta Isaías lembrou a meu respeito: «Faço-me encontrar por quem não me procura». A verdade é que não me conheceríeis se não tomasse a iniciativa de procurar-vos. A sede que sentem sou eu quem a desperta. A vossa fome de silêncio e de encontro. A vossa carência de absoluto, o vosso desejo de amor...
Mas continua a separar-nos um abismo... Não podemos dar um passo nessa direção. Não se caminha verticalmente.
E se lessem isso de forma positiva? Sou e serei para vós uma pergunta infinita, um assombro interminável. Os místicos optam por bom caminho quando recomendam: «Sossega, para onde corres? - O Céu está em ti, procurar Deus noutro lugar, é nunca o alcançar». Ou então: «Sossega, para onde corres? - o Céu está em ti!...»
Em nós? Muitas vezes sentimo-nos traídos nas nossas expectativas.
A religiosidade natural remete o homem para o divino através da necessidade: o homem precisa de um Deus que lhe seja útil, que tenha poder, que o proteja. Rapidamente, fico reduzido a um ídolo, que serve para garantir um funcionamento favorável do grande sistema do mundo. Esse é um entendimento mágico.
Mas o sofrimento dos inocentes, os campos de extermínio, as experiências de mal... Não deveríamos aí contar com Deus do nosso lado?
Num dos seus romances, Elie Wiesel conta uma execução num campo de concentração. Chamaram uns quantos inocentes e colocaram-nos arbitrariamente perante o pelotão de fuzilamento. E alguém não resiste e diz baixinho, entre os dentes: «Onde estás, ó Deus?" E terá ouvido a voz sussurrada de um companheiro que lhe garante: "Deus está ali mesmo, entre os fuzilados.»
Uma conversa com Deus
Conversando com Deus não se dá pelo tempo...
Como é que Deus se pode contar? Se é que se pode contar...
Falem de mim por aquilo que vos está mais próximo, é a melhor maneira. Oiçam as crianças e os poetas. Oiçam as montanhas, os oceanos. Oiçam as árvores e as folhas de erva. Um poeta escreveu: «Creio que uma folha de erva não vale menos do que a jornada das estrelas,/ E que a formiga não é menos perfeita.../ E que o sapo é uma obra-prima para o mais exigente,/ E que a vaca ruminando com a cabeça baixa supera qualquer estátua,/ E que um rato é milagre suficiente para fazer vacilar milhões de infiéis». Ele tem razão.
Mas falar de Deus assim, dessa forma tão próxima, também confunde...
Gosto de observar a vossa irrequíetude. Nada vos parece suficiente. Nada serve como definitivo. Pergunto-me, por vezes, se isso é defeito ou feitio.
E chega a alguma conclusão?
(Rindo-se) Uma das vantagens de ser Deus é não precisar de chegar a sítio algum, porque já estou em toda a parte.
Vê, essas facilidades dificultam-nos a compreensão. Os filósofos escolásticos ensinavam que enquanto nós somos existências, Deus é essência. É uma definição árdua, nem conseguimos bem imaginar o que seja.
Mas eu venho ao vosso encontro. O profeta Isaías lembrou a meu respeito: «Faço-me encontrar por quem não me procura». A verdade é que não me conheceríeis se não tomasse a iniciativa de procurar-vos. A sede que sentem sou eu quem a desperta. A vossa fome de silêncio e de encontro. A vossa carência de absoluto, o vosso desejo de amor...
Mas continua a separar-nos um abismo... Não podemos dar um passo nessa direção. Não se caminha verticalmente.
E se lessem isso de forma positiva? Sou e serei para vós uma pergunta infinita, um assombro interminável. Os místicos optam por bom caminho quando recomendam: «Sossega, para onde corres? - O Céu está em ti, procurar Deus noutro lugar, é nunca o alcançar». Ou então: «Sossega, para onde corres? - o Céu está em ti!...»
Em nós? Muitas vezes sentimo-nos traídos nas nossas expectativas.
A religiosidade natural remete o homem para o divino através da necessidade: o homem precisa de um Deus que lhe seja útil, que tenha poder, que o proteja. Rapidamente, fico reduzido a um ídolo, que serve para garantir um funcionamento favorável do grande sistema do mundo. Esse é um entendimento mágico.
Mas o sofrimento dos inocentes, os campos de extermínio, as experiências de mal... Não deveríamos aí contar com Deus do nosso lado?
Num dos seus romances, Elie Wiesel conta uma execução num campo de concentração. Chamaram uns quantos inocentes e colocaram-nos arbitrariamente
Magalhães Luís
Mas então como é que nos salva?
Quero citar um dos testamentos espirituais mais inspiradores do século xx, assinado por Etty Hillesum, onde ela escreveu: «Torna-se-me cada vez mais claro o seguinte: que tu, ó Deus, não nos podes ajudar, mas nós é que temos de ajudar-te, e, ajudando-te, ajudamo-nos a nós. Sim, meu Deus, quanto às circunstâncias ... é evidente que fazem parte indissolúvel desta vida. Também não te chamo à responsabilidad e por isso; tu é que podes mais tarde chamar-nos à responsabilidad e. E, a quase cada batida do coração, torna-se-me isto mais nítido: que tu não nos podes ajudar, que nós devemos ajudar-te e que a morada em nós, onde tu resides, tem de ser defendida até às últimas.»
O que diz é um escândalo.
Talvez seja, sim.
E...
A luta contra o Mal é possível e necessária, e ela passa pela afirmação última do plano divino. É preciso trabalhar infatigavelment e a possibilidade da Esperança
Mas como fazer isso?
Perante o Mal há tantas coisas que se desconhecem, para as quais não há uma explicação, nem ninguém a pode dar. Mas será que para o Bem tendes respostas? Não é ele também um enigma e um enigma aínda maior? Tome-se o livro bíblico de Job. Job está cheio de razões, num protesto aparentemente justíssimo contra mim. E o que lhe digo é de todo inesperado: «Repara no hipopótamo que criei como a ti. É a obra-prima de Deus.» Ao mandar Job olhar para o hipopótamo, pretendi abrir o seu olhar, escancará-lo a tudo o que é grande e imenso, a tudo o que o que vos escapa, mostrando-lhe que se o Mal não tem resposta, o Bem menos ainda. O amor e o espanto, o riso e o dia, a alegria e a dança são sem porquê. Porque fazemos então depender tudo de uma resposta para o Mal se o Bem é igualmente um mistério, e um mistério infinitamente maior?
Teremos de aprender a amar sem ser por nada?
«A rosa não tem porquê./ Floresce porque floresce.» Teresa de Lisieux dizia-me: «Ainda que não houvesse paraíso eu continuaria a amar-te, ó Deus». Há que ultrapassar uma determinada conceção da religião entendida como uma máquina de fabricar recompensas e castigos.
Estes dias perguntei a um amigo se queria dirigir-lhe alguma questão e ele atirou esta: Deus, porque é que não existes?
Diz-lhe que o entendo bem. Será sempre difícil falar de D'us e isso é bom.
Pode explicar?
Deus permanece em vós e o seu amor torna-se visível, mas também a Deus nunca ninguém o viu.
Continuo sem perceber...
Não sou manipulável, domesticável por discursos e representações. 'Tanto crentes como não-crentes, bebem o silêncio de Deus nas próprias mãos. Estou sempre a escapar-vos, sou sempre outro para lá do vosso conhecimento.
Mas os crentes dizem tanta coisa...
E podem efetivamente dizer alguma coisa. Mas esse conhecimento é ainda insuficiente, já que a realidade transcendente é irredutível a qualquer sistema de pensamento. O mistério revela-se para lá de qualquer conhecimento, para lá mesmo de qualquer ignorância. Guarda isto para ti: há um momento decisivo em que a experiência crente se constrói necessariamente num intransigente, desconcertante e ardente oximoro, que é a sua figura por excelência: a fé é sede que dessedenta, fome que sacia, vazio que enche de plenitude, escuridão que brilha. Só mãos estendidas e vazias se avizinham ao mistério.
As nossas mãos podem tocar Deus alguma vez?
Recordo-me da oração que uma personagem de um romance de Clarice Líspector faz, de joelhos, ao pé da cama: «Alivia a minha alma, faz com que eu sinta que Tua mão está dada à minha.. , faz com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me ama... amém" Isso acontece continuamente.»
O que é a fé?
A verdade não é algo externo, para descobrir com proposições frias e impessoais, mas algo que experimentais no vosso interior, de maneira pessoal. O que é a fé? Apenas isto: tratar a Deus por tu. Deixar de falar de mim na terceira pessoa e falar comigo na segunda, como presença que tens diante de ti.
Onde é que mora?
(Rindo) Moro onde me deixam. Há aquele homem que na sua oração me pede que fosse a sua casa! «Gostava que viesses a minha casa.» Eu respondi: «Está bem Amanhã irei a tua casa.» O homem saiu imediatamente, arrumou, dispôs, virou, iluminou, poliu a sua casa, abriu as janelas de par em par e, desde a aurora, colocou-se à entrada da casa. Sabia lá ele quando é que Deus viria! Estava assim sentado quando, logo de manhãzinha, veio um peregrino que caminhou a noite toda, as sandálias sujas de lama, e vinha já a subir. Ele diz-lhe: «Alto!»
«Dá-me abrigo.» «Não posso.»
«Mas porquê? Tens o dever de acolher um peregrino.»
«Não quero. Hoje a minha casa é uma casa que Deus vai visitar.» E o peregrino foi bater a outro lado.
A meio da manhã, aproximou-se sorrateiro um miúdo que viu umas belas maçãs colocadas em cima da mesa posta e, pela janela, esticou um braço para tentar apanhar uma. O homem apanha-lhe o braço com vigor, e diz-lhe: «Mas, então?»
«É só uma!»
«Não pode ser; estas maçãs são para Deus que hoje me visita»
Passaram umas horas e veio um irmão dele, de longe; um irmão que ele amava e queria ficar em sua casa, mas ele mandou-o embora, porque naquele dia estava à espera de Deus.
E quando chegou o crepúsculo, o homem sentiu-o como o mais duro da sua vida, porque eu tinha-lhe prometido uma visita E ele esteve à espera desde a aurora! Como ia ele agora encarar a noite, mais escura do que nunca? Então ajoelha-se e chora toda a sua desilusão. «Como é que me prometeste e não cumpriste? Porque é que me disseste que me visitarias?»
Mas tive de responder-lhe:
«Por três vezes, hoje, tentei visitar-te e todas as vezes me disseste que não.»
Mas então como é que nos salva?
Quero citar um dos testamentos espirituais mais inspiradores do século xx, assinado por Etty Hillesum, onde ela escreveu: «Torna-se-me cada vez mais claro o seguinte: que tu, ó Deus, não nos podes ajudar, mas nós é que temos de ajudar-te, e, ajudando-te, ajudamo-nos a nós. Sim, meu Deus, quanto às circunstâncias ... é evidente que fazem parte indissolúvel desta vida. Também não te chamo à responsabilidad
O que diz é um escândalo.
Talvez seja, sim.
E...
A luta contra o Mal é possível e necessária, e ela passa pela afirmação última do plano divino. É preciso trabalhar infatigavelment
Mas como fazer isso?
Perante o Mal há tantas coisas que se desconhecem, para as quais não há uma explicação, nem ninguém a pode dar. Mas será que para o Bem tendes respostas? Não é ele também um enigma e um enigma aínda maior? Tome-se o livro bíblico de Job. Job está cheio de razões, num protesto aparentemente justíssimo contra mim. E o que lhe digo é de todo inesperado: «Repara no hipopótamo que criei como a ti. É a obra-prima de Deus.» Ao mandar Job olhar para o hipopótamo, pretendi abrir o seu olhar, escancará-lo a tudo o que é grande e imenso, a tudo o que o que vos escapa, mostrando-lhe que se o Mal não tem resposta, o Bem menos ainda. O amor e o espanto, o riso e o dia, a alegria e a dança são sem porquê. Porque fazemos então depender tudo de uma resposta para o Mal se o Bem é igualmente um mistério, e um mistério infinitamente maior?
Teremos de aprender a amar sem ser por nada?
«A rosa não tem porquê./ Floresce porque floresce.» Teresa de Lisieux dizia-me: «Ainda que não houvesse paraíso eu continuaria a amar-te, ó Deus». Há que ultrapassar uma determinada conceção da religião entendida como uma máquina de fabricar recompensas e castigos.
Estes dias perguntei a um amigo se queria dirigir-lhe alguma questão e ele atirou esta: Deus, porque é que não existes?
Diz-lhe que o entendo bem. Será sempre difícil falar de D'us e isso é bom.
Pode explicar?
Deus permanece em vós e o seu amor torna-se visível, mas também a Deus nunca ninguém o viu.
Continuo sem perceber...
Não sou manipulável, domesticável por discursos e representações.
Mas os crentes dizem tanta coisa...
E podem efetivamente dizer alguma coisa. Mas esse conhecimento é ainda insuficiente, já que a realidade transcendente é irredutível a qualquer sistema de pensamento. O mistério revela-se para lá de qualquer conhecimento, para lá mesmo de qualquer ignorância. Guarda isto para ti: há um momento decisivo em que a experiência crente se constrói necessariamente
As nossas mãos podem tocar Deus alguma vez?
Recordo-me da oração que uma personagem de um romance de Clarice Líspector faz, de joelhos, ao pé da cama: «Alivia a minha alma, faz com que eu sinta que Tua mão está dada à minha.. , faz com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me ama... amém" Isso acontece continuamente.»
O que é a fé?
A verdade não é algo externo, para descobrir com proposições frias e impessoais, mas algo que experimentais no vosso interior, de maneira pessoal. O que é a fé? Apenas isto: tratar a Deus por tu. Deixar de falar de mim na terceira pessoa e falar comigo na segunda, como presença que tens diante de ti.
Onde é que mora?
(Rindo) Moro onde me deixam. Há aquele homem que na sua oração me pede que fosse a sua casa! «Gostava que viesses a minha casa.» Eu respondi: «Está bem Amanhã irei a tua casa.» O homem saiu imediatamente, arrumou, dispôs, virou, iluminou, poliu a sua casa, abriu as janelas de par em par e, desde a aurora, colocou-se à entrada da casa. Sabia lá ele quando é que Deus viria! Estava assim sentado quando, logo de manhãzinha, veio um peregrino que caminhou a noite toda, as sandálias sujas de lama, e vinha já a subir. Ele diz-lhe: «Alto!»
«Dá-me abrigo.» «Não posso.»
«Mas porquê? Tens o dever de acolher um peregrino.»
«Não quero. Hoje a minha casa é uma casa que Deus vai visitar.» E o peregrino foi bater a outro lado.
A meio da manhã, aproximou-se sorrateiro um miúdo que viu umas belas maçãs colocadas em cima da mesa posta e, pela janela, esticou um braço para tentar apanhar uma. O homem apanha-lhe o braço com vigor, e diz-lhe: «Mas, então?»
«É só uma!»
«Não pode ser; estas maçãs são para Deus que hoje me visita»
Passaram umas horas e veio um irmão dele, de longe; um irmão que ele amava e queria ficar em sua casa, mas ele mandou-o embora, porque naquele dia estava à espera de Deus.
E quando chegou o crepúsculo, o homem sentiu-o como o mais duro da sua vida, porque eu tinha-lhe prometido uma visita E ele esteve à espera desde a aurora! Como ia ele agora encarar a noite, mais escura do que nunca? Então ajoelha-se e chora toda a sua desilusão. «Como é que me prometeste e não cumpriste? Porque é que me disseste que me visitarias?»
Mas tive de responder-lhe:
«Por três vezes, hoje, tentei visitar-te e todas as vezes me disseste que não.»
Magalhães Luís
Se dissermos que Deus é amor, ninguém se espanta. Mas às vezes precisaríamos de dizer que Deus é humor.
Talvez tenham de levar mais a sério aquilo que o Salmo segreda: «O que habita nos Céus, sorri.» Por mim, digo que me revejo na imagem do Livro do Provérbios (Prov. 8,30-31) que apresenta assim a sabedoria que emano: «A sabedoria divina está constantemente a brincar: a brincar na terra e a alegrar-se com os homens.» Não é no conjunto de tarefas tradicionalment e ligadas à sabedoria (julgar, pensar, escrutinar, prever...) que encontrareis a sabedoria de Deus. É infinitamente mais simples o meu programa: brincar, alegrar-me na vossa companhia.
Então Deus sorri?
Há um provérbio árabe que diz isso: «Quando o homem pensa Deus sorri.»
Mas isso não será outra vez fazer pesar sobre os humanos a sua insignificância ?
É precisamente o contrário. O que caracteriza a alegria é o facto de ela não nos pertencer. É pessoalíssima, é completamente nossa, identifica-se connosco, mas não nos pertence. A alegria atravessa-nos, mas é sempre um dom. Até a alegria de Deus. Não posso, por exemplo, dizer: daqui a um minuto vou-me rir. Não sei quando é que me vou rir. A alegria é um dom na surpresa do encontro.
Mas há ou não obstáculos para chegar a Deus?
Não se esqueçam que todo o coração é uma soleira, uma porta entreaberta. O grande obstáculo não é a fragilidade, mas a rigidez. Não é a vulnerabilidade , mas o seu contrário: o orgulho, a autossuficiênci a, a autojustificaçã o, o isolamento, a violência, o delírio de poder. «Os homens quando nascem são tenros e frágeis. A morte torna-os duros e rijos. As ervas e as árvores quando nascem são tenras e frágeis. A morte torna-as esquálidas e ressequidas. O duro e o rígido conduzem à morte. O fraco e o flexível conduzem à vida.»
O que é realizar um caminho espiritual?
A palavra-chave é «relação». Pois o que é a aventura espiritual senão isto mesmo: a construção inacabada e criativa que a vida faz da relação? Talvez tenhamos para isso de aprender a desaprender. Desaprender os labirintos, as teias, os modelos que sufocam e apenas servem para fazer adiar o encontro.
O que é a confiança?
Lembro-me daquela história oriental: «Um discípulo foi ter com o seu professor de meditação, cheio de tristeza, quase a desistir, e confessa-lhe: «A minha prática de meditação é um fracasso! Ou me distraio completamente, ou as pernas me doem, ou me entrego ao sono .»
«Isso passará», disse o mestre suavemente.
Uma semana depois, o mesmo estudante voltou à presença do mestre, mas agora eufórico:
«A minha prática de meditação tornou-se maravilhosa! Sinto-me tão vigilante e tão pacificado. É simplesmente extraordinário. »
O mestre respondeu-lhe com a mesma tranquilidade: «Isso também passará».
Deus é um nome invulgar. Que significa esse nome?
Será que tenho um nome?
Qual é a vontade de Deus?
A minha vontade é o amor. Que, como diz o poeta, que cada um viva «por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,/ e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor».
E como desejaria que falássemos de si?
Que eu espero por todos e não abandono nunca ninguém.
Há vida depois da morte?
Há vida antes da morte?
Nota do autor: Quando me desafiaram a fazê-lo, comecei a construir imediatamente uma estratégia: iria falar das conversas de outros com Deus. Na tradição mística, por exemplo, abundam colóquios, êxtases, arrebatamentos, visões... O meu plano era falar disso, escondendo-me confortavelment e atrás desses exemplos. Mas percebi depois que não tinha qualquer saída, pois esperavam que este texto fosse construído com perguntas e respostas. A única coisa que considerei então sensata foi arquitetar um texto em que as perguntas fossem respondidas dando lugar a perguntas maiores. Foi o que tentei e não sei se consegui. É mais fácil conversar com Deus sem outros ouvidos a ouvir.
José Tolentino Mendonça
In Expresso, 14.12.2013
Se dissermos que Deus é amor, ninguém se espanta. Mas às vezes precisaríamos de dizer que Deus é humor.
Talvez tenham de levar mais a sério aquilo que o Salmo segreda: «O que habita nos Céus, sorri.» Por mim, digo que me revejo na imagem do Livro do Provérbios (Prov. 8,30-31) que apresenta assim a sabedoria que emano: «A sabedoria divina está constantemente a brincar: a brincar na terra e a alegrar-se com os homens.» Não é no conjunto de tarefas tradicionalment
Então Deus sorri?
Há um provérbio árabe que diz isso: «Quando o homem pensa Deus sorri.»
Mas isso não será outra vez fazer pesar sobre os humanos a sua insignificância
É precisamente o contrário. O que caracteriza a alegria é o facto de ela não nos pertencer. É pessoalíssima, é completamente nossa, identifica-se connosco, mas não nos pertence. A alegria atravessa-nos, mas é sempre um dom. Até a alegria de Deus. Não posso, por exemplo, dizer: daqui a um minuto vou-me rir. Não sei quando é que me vou rir. A alegria é um dom na surpresa do encontro.
Mas há ou não obstáculos para chegar a Deus?
Não se esqueçam que todo o coração é uma soleira, uma porta entreaberta. O grande obstáculo não é a fragilidade, mas a rigidez. Não é a vulnerabilidade
O que é realizar um caminho espiritual?
A palavra-chave é «relação». Pois o que é a aventura espiritual senão isto mesmo: a construção inacabada e criativa que a vida faz da relação? Talvez tenhamos para isso de aprender a desaprender. Desaprender os labirintos, as teias, os modelos que sufocam e apenas servem para fazer adiar o encontro.
O que é a confiança?
Lembro-me daquela história oriental: «Um discípulo foi ter com o seu professor de meditação, cheio de tristeza, quase a desistir, e confessa-lhe: «A minha prática de meditação é um fracasso! Ou me distraio completamente, ou as pernas me doem, ou me entrego ao sono .»
«Isso passará», disse o mestre suavemente.
Uma semana depois, o mesmo estudante voltou à presença do mestre, mas agora eufórico:
«A minha prática de meditação tornou-se maravilhosa! Sinto-me tão vigilante e tão pacificado. É simplesmente extraordinário.
O mestre respondeu-lhe com a mesma tranquilidade: «Isso também passará».
Deus é um nome invulgar. Que significa esse nome?
Será que tenho um nome?
Qual é a vontade de Deus?
A minha vontade é o amor. Que, como diz o poeta, que cada um viva «por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,/ e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor».
E como desejaria que falássemos de si?
Que eu espero por todos e não abandono nunca ninguém.
Há vida depois da morte?
Há vida antes da morte?
Nota do autor: Quando me desafiaram a fazê-lo, comecei a construir imediatamente uma estratégia: iria falar das conversas de outros com Deus. Na tradição mística, por exemplo, abundam colóquios, êxtases, arrebatamentos,
José Tolentino Mendonça
In Expresso, 14.12.2013
Magalhães Luís
Prece de Natal/Nadal!
http:// www.oespiritismo .com.br/ mensagens/ impressao.php?id 1=596
Senhor Yeshua!...
Recordando-te a vinda, quando te exaltastes na manjedoura por luz nas trevas, vimos pedir-te a bênção.
Revela-nos se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolves em torrentes de alegria.
Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias... Possuímos cultura e riqueza, tesouro e palácios, máquinas que estudam as constelações e engenhos que voam no Espaço! Falamos de ti – de ti que volveste dos continentes celestes, em socorro dos que choram na poeira do mundo, no tope dos altos edifícios em que amontoamos reconforto, sem coragem de estender os braços aos companheiros que recolhias no chão...
Destacamos a excelência de teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça; e, ainda agora, quando te comemoramos o natalício, louvamos-te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemen te as portas do coração aos que se arrastam na rua!
Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! Tanto contraste doloroso, Mestre, tão-só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros... Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. É por isso que, em te lembrando a humildade, nós te rogamos para que nos perdoes e ames ainda... Se algo te podemos suplicar além disso, desculpa o nada que te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples!...
Enquanto o Natal se renova, restaurando-nos a esperança, derrama o bálsamo de tua bondade sobre as nossas preces, e deixa, Senhor, que venhamos a ouvir de novo, entre as lágrimas de júbilo que nos vertem da alma, a sublime canção com que os Céus te glorificam o berço de palha, ao clarão das estrelas:
- Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!
Autor: Emmanuel
Prece de Natal/Nadal!
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Senhor Yeshua!...
Recordando-te a vinda, quando te exaltastes na manjedoura por luz nas trevas, vimos pedir-te a bênção.
Revela-nos se muitos de nós trazemos saudade e cansaço, assombro e aflição, quando nos envolves em torrentes de alegria.
Sabes, Senhor, que temos escalado culminâncias...
Destacamos a excelência de teus ensinos, agarrados ao supérfluo, esquecidos de que não guardaste uma pedra em que repousar a cabeça; e, ainda agora, quando te comemoramos o natalício, louvamos-te o nome, em torno da mesa farta, trancando inconscientemen
Nunca tivemos, como agora, tanta abastança e tanta penúria, tanta inteligência e tanta discórdia! Tanto contraste doloroso, Mestre, tão-só por olvidarmos que ninguém é feliz sem a felicidade dos outros... Desprezamos a sinceridade e caímos na ilusão, estamos ricos de ciência e pobres de amor. É por isso que, em te lembrando a humildade, nós te rogamos para que nos perdoes e ames ainda... Se algo te podemos suplicar além disso, desculpa o nada que te ofertamos, em troca do tudo que nos dás e faze-nos mais simples!...
Enquanto o Natal se renova, restaurando-nos
- Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!
Autor: Emmanuel
Magalhães Luís
https:// www.youtube.com/ watch?v=bGQrs61S 2mk&feature=you tube_gdata_play er »»
Tradição Judaica, Tradição Cristã, Lillith (https:// www.google.com/ url?sa=t&rct=j&q &esrc=s... | https:// www.google.com/ url?sa=t&rct=j&q &esrc=s...), HA SATAN, cronologia dos livros do Tanach, Génese 3 e a Serpente...
https://
Tradição Judaica, Tradição Cristã, Lillith (https://
Magalhães Luís
Declaração de Marcos Andrade Abrão sobre o 4º vídeo do João Alves Correia
Comunico que farei o vídeo de refutação ao quarto vídeo de João Alves Correia entre terça e quarta-feira, dependendo da minha disponibilidade de tempo, e estarei postando na quarta ou no mais tardar na quinta feira. Este quarto vídeo do João Alves Correia apresenta algumas contradições flagrantes, de forma mais notória do que os vídeos que ele postou anteriormente. Estas contradições com certeza serão apontados de forma precisa e pontual. Midrashot agora existe e houve mudança na definição de Asham entre outras coisas. Tudo isto e muito mais será abordado no próximo vídeo. Repito que estou surpreso com a falta de consistência dos argumentos que tentam desqualificar o fato de Ieshua ser o Messias, pois estão repletos de lacunas e contradições. Não digo isto para minimizar o João Alves Correia, mas me refiro a própria fragilidade de se tentar negar o fato de que Ieshua realmente cumpriu a primeira vinda do Mashiach. Estou muito feliz com o debate e com esta oportunidade de todos analisarem os argumentos de ambas as partes a fim de tomarem decisões. O debate faz parte do processo democrático e fornece a todos a oportunidade de ter os “dois lados da história”.
Grato
Marcos Andrade Abrão »» Debate entre Judaísmos sobre o Massiach e outras temáticas semitas » https:// www.facebook.com /DebateJACxMAA
Declaração de Marcos Andrade Abrão sobre o 4º vídeo do João Alves Correia
Comunico que farei o vídeo de refutação ao quarto vídeo de João Alves Correia entre terça e quarta-feira, dependendo da minha disponibilidade
Grato
Marcos Andrade Abrão »» Debate entre Judaísmos sobre o Massiach e outras temáticas semitas » https://
Magalhães Luís
Pablo Gomes Dos Reis: A Bíblia hebraica da editora Sêfer (1) mudou até a estrutura do texto de Isaías 53 para dizer que ele não se refere ao Mashiach. Acrescentou muitas interpolações que trazem confusão ao sentido original do texto violando uma mitzvah da Torah de não acrescentar, nem retirar nada dos escritos canónicos...
[https:// www.facebook.com / shaul.benshalom]
(1) https:// www.google.com/ url?sa=t&rct=j&q &esrc=s&source= web&cd=1&cad=rj a&ved=0CC0QFjAA &url=http%3A%2F %2Fwww.sefer.co m.br%2F&ei=ro2w Uu-fCoaKtAbKy4C YBQ&usg=AFQjCNF 2DkQakkwez-goBf p02VQWpFZixA&si g2=jA69OnzHPCGG E6mO9SJYIQ&bvm= bv.57967247%2Cd .Yms
Pablo Gomes Dos Reis: A Bíblia hebraica da editora Sêfer (1) mudou até a estrutura do texto de Isaías 53 para dizer que ele não se refere ao Mashiach. Acrescentou muitas interpolações que trazem confusão ao sentido original do texto violando uma mitzvah da Torah de não acrescentar, nem retirar nada dos escritos canónicos...
[https://
(1) https://
Magalhães Luís
http:// www.itsaboutthat time.net/ PDF%20Files/ Discover%20Messi ah%20Ch10.pdf [An Excerpt from Chapter 10 of Discovering the Jewish Messiah Within the Prophecy of Daniel 9 by W. Glenn Moore]
http://
Magalhães Luís
https:// www.youtube.com/ watch?v=EGmb_5sC Z-g
Crítica:
David Valentim:
Na verdade os dois estão de comum acordo, não há debate, estão fazendo jogo de sena, Pastorzinhos sem vergonhas, tentando manter a mentira pregado nas igrejas, eles sabem que Lúcifer "Estrela da Manhã" é o próprio Salvador, o único a ter este título, título este que o Rei de Tiro queria para si.
https://
Crítica:
David Valentim:
Na verdade os dois estão de comum acordo, não há debate, estão fazendo jogo de sena, Pastorzinhos sem vergonhas, tentando manter a mentira pregado nas igrejas, eles sabem que Lúcifer "Estrela da Manhã" é o próprio Salvador, o único a ter este título, título este que o Rei de Tiro queria para si.
Magalhães Luís
http:// m.facebook.com/ l.php?u=http%3A% 2F%2Fwww.google .pt%2Fsearch%3F q%3Dsetenta%2Bs emanas%2Bde%2Ba nos%2Be%2Bramba m%26oq%3Dsetent a%2Bsemanas%2Bd e%2Banos%2Be%2B rambam%26client %3Dtablet-unkno wn%26sourceid%3 Dchrome-mobile% 26espv%3D1%26ie %3DUTF-8&h=sAQE xDA8-&s=1&enc=A ZNbKO0PmXSg-Fk7 oUrZFNcB6SUnA2l VaoZn0ysNbo534B 5uSpDlTTPd4wPe9 U4i4XA
http://
Magalhães Luís
Link sobre a Torah traduzida em chinês fala-nos do episódio da Torre de Babel e do uso das línguas seculares no magistério, na liturgia, para que fiquemos mais próximos da Era Messiânica, da Parúsia, e para libertar "centelhas divinas"...
Link sobre a Torah traduzida em chinês fala-nos do episódio da Torre de Babel e do uso das línguas seculares no magistério, na liturgia, para que fiquemos mais próximos da Era Messiânica, da Parúsia, e para libertar "centelhas divinas"...
Magalhães Luís
http:// darwinedeus.blog folha.uol.com.b r/2013/10/31/ jesus-era-analfa beto/
Não é nada simples determinar o que é fato histórico e o que é interpretação teológica nas Escrituras judaico-cristãs (ou em qualquer obra da Antiguidade de modo mais geral, claro). Esta tarefa exige uma atenção aos detalhes do texto e à trama complicada de fontes e pontos de vista que levaram à sua composição que uma leitura “inocente” simplesmente deixa passar. E isto vale até para pormenores aparentemente parvos. Por exemplo: Jesus sabia ler e escrever?
Muitos estudiosos tendem a achar que ele era analfabeto. Caí na idiotice de registar esta opinião numa reportagem para a revista “Galileu” certa vez e fui apedrejado por um leitor. “Então o Verbo de Deus era analfabeto?”, vociferou ele. Não consegui entender muito bem a indignação porque 1)o Verbo pode ser oral e não escrito, certo? e 2)Não vejo por que quem escolheu nascer numa manjedoura não poderia ter também escolhido, como outra marca de sua solidariedade para com os menores entre nós, nascer analfabeto (usando o ponto de vista cristão, claro). Mas isso é digressão. Vamos ao que interessa: como tentar tirar esta dúvida usando as ferramentas da análise histórica?
Bom, primeiro tem sempre a questão da probabilidade. Artesãos e camponeses de um vilarejo como Nazaré — tão insignificante que não é mencionada em praticamente nenhuma fonte antiga fora da B'rit Cadasha (Novo Testamento) – em geral não tinham acesso a qualquer forma de educação. As estimativas variam um pouco, mas como regra geral é possível afirmar que menos de 10% dos habitantes do Império Romano sabiam ler e escrever no século 1º a.C. — e Jesus certamente não estava entre os “10% de cima” do ponto de vista económico e social. Poderia ter sido uma exceção, mas as probabilidades jogam contra.
“Mas espere”, dirá o leitor familiarizado com os Evangelhos. “Temos mais de uma passagem a descrever Jesus a ler e escrever no Novo Testamento!”. Sim, temos, mas elas são problemáticas.
PALAVRAS NA AREIA
A primeira está no Evangelho de João (capítulo 8, versículo 6), na famosa cena em que trazem uma mulher adúltera para ser apedrejada diante de Jesus e ele usa a celebérrima frase “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra” pra salvar a pobre. Após ouvir os acusadores da mulher, diz o evangelista, “Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo”.
Caso encerrado, certo? O problema é que a probabilidade de que esse incidente remonte ao Jesus histórico é considerada baixa. Conforme explica o padre e historiador americano John P. Meier em sua série de livros “Um Judeu Marginal”: “Essa perícope [passagem bíblica] não existe nos melhores e mais antigos manuscritos do Evangelho de João, aparece em alguns manuscritos do Evangelho de Lucas [?!], quase não merece comentário dos exegetas gregos do primeiro milênio, e é considerada por alguns especialistas uma criação da Igreja do século 2º, envolvida numa controvérsia sobre a misericórdia que se deveria ter para com os pecadores”. Chato, não é.
Falando em Evangelho de Lucas, outra passagem desse evangelista na qual Jesus aparece lendo é igualmente suspeita do ponto de vista histórico. No texto (capítulo 4, a partir do versículo 16), Jesus entra na sinagoga de Nazaré e lê para os judeus reunidos no local uma passagem do livro do profeta Isaías. O detalhe, porém, é que nenhum rolo (lembre-se, naquele tempo os livros eram rolos) das profecias de Isaías continha texto semelhante ao “lido” por Jesus: primeiro ele lê três trechos do capítulo 61, depois salta para um versículo do capítulo 58 e aí volta outro pedaço do capítulo 61. Não tem como ler um rolo de papiro deste jeito.
Problema adicional de historicidade: no fim da cena, os moradores de Nazaré, bravos com o que lhes parece ser a arrogância de seu conterrâneo, planeiam levar Jesus “para o alto da colina onde ficava a cidade” e atirá-lo de lá de cima. Bem, na verdade a Nazaré da época imperial ficava num vale, não no alto de um morro…
OK, estes são os argumentos contra Jesus ser alfabetizado. Como argumentos a favor, Meier coloca o aparente conhecimento detalhado que Jesus tinha das Escrituras judaicas — embora, em tese, isso também pudesse ser conseguido por meio de instrução oral e assiduidade na sinagoga, por exemplo.
Vejam bem: ninguém aqui está dizendo que os Evangelhos são mentirosos. A questão é que, nesse tipo de texto, os fatos e a tradição sobre Jesus são narrados a serviço de uma instrução religiosa das comunidades cristãs. O objetivo é ensinar “quem” é Jesus — e não uma transcrição taquigráfica do que aconteceu por volta do ano 30 d.C. Daí porque é complicadíssimo , embora não impossível, usar esse tipo de texto como fonte histórica.
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Não é nada simples determinar o que é fato histórico e o que é interpretação teológica nas Escrituras judaico-cristãs
Muitos estudiosos tendem a achar que ele era analfabeto. Caí na idiotice de registar esta opinião numa reportagem para a revista “Galileu” certa vez e fui apedrejado por um leitor. “Então o Verbo de Deus era analfabeto?”, vociferou ele. Não consegui entender muito bem a indignação porque 1)o Verbo pode ser oral e não escrito, certo? e 2)Não vejo por que quem escolheu nascer numa manjedoura não poderia ter também escolhido, como outra marca de sua solidariedade para com os menores entre nós, nascer analfabeto (usando o ponto de vista cristão, claro). Mas isso é digressão. Vamos ao que interessa: como tentar tirar esta dúvida usando as ferramentas da análise histórica?
Bom, primeiro tem sempre a questão da probabilidade. Artesãos e camponeses de um vilarejo como Nazaré — tão insignificante que não é mencionada em praticamente nenhuma fonte antiga fora da B'rit Cadasha (Novo Testamento) – em geral não tinham acesso a qualquer forma de educação. As estimativas variam um pouco, mas como regra geral é possível afirmar que menos de 10% dos habitantes do Império Romano sabiam ler e escrever no século 1º a.C. — e Jesus certamente não estava entre os “10% de cima” do ponto de vista económico e social. Poderia ter sido uma exceção, mas as probabilidades jogam contra.
“Mas espere”, dirá o leitor familiarizado com os Evangelhos. “Temos mais de uma passagem a descrever Jesus a ler e escrever no Novo Testamento!”. Sim, temos, mas elas são problemáticas.
PALAVRAS NA AREIA
A primeira está no Evangelho de João (capítulo 8, versículo 6), na famosa cena em que trazem uma mulher adúltera para ser apedrejada diante de Jesus e ele usa a celebérrima frase “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra” pra salvar a pobre. Após ouvir os acusadores da mulher, diz o evangelista, “Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo”.
Caso encerrado, certo? O problema é que a probabilidade de que esse incidente remonte ao Jesus histórico é considerada baixa. Conforme explica o padre e historiador americano John P. Meier em sua série de livros “Um Judeu Marginal”: “Essa perícope [passagem bíblica] não existe nos melhores e mais antigos manuscritos do Evangelho de João, aparece em alguns manuscritos do Evangelho de Lucas [?!], quase não merece comentário dos exegetas gregos do primeiro milênio, e é considerada por alguns especialistas uma criação da Igreja do século 2º, envolvida numa controvérsia sobre a misericórdia que se deveria ter para com os pecadores”. Chato, não é.
Falando em Evangelho de Lucas, outra passagem desse evangelista na qual Jesus aparece lendo é igualmente suspeita do ponto de vista histórico. No texto (capítulo 4, a partir do versículo 16), Jesus entra na sinagoga de Nazaré e lê para os judeus reunidos no local uma passagem do livro do profeta Isaías. O detalhe, porém, é que nenhum rolo (lembre-se, naquele tempo os livros eram rolos) das profecias de Isaías continha texto semelhante ao “lido” por Jesus: primeiro ele lê três trechos do capítulo 61, depois salta para um versículo do capítulo 58 e aí volta outro pedaço do capítulo 61. Não tem como ler um rolo de papiro deste jeito.
Problema adicional de historicidade: no fim da cena, os moradores de Nazaré, bravos com o que lhes parece ser a arrogância de seu conterrâneo, planeiam levar Jesus “para o alto da colina onde ficava a cidade” e atirá-lo de lá de cima. Bem, na verdade a Nazaré da época imperial ficava num vale, não no alto de um morro…
OK, estes são os argumentos contra Jesus ser alfabetizado. Como argumentos a favor, Meier coloca o aparente conhecimento detalhado que Jesus tinha das Escrituras judaicas — embora, em tese, isso também pudesse ser conseguido por meio de instrução oral e assiduidade na sinagoga, por exemplo.
Vejam bem: ninguém aqui está dizendo que os Evangelhos são mentirosos. A questão é que, nesse tipo de texto, os fatos e a tradição sobre Jesus são narrados a serviço de uma instrução religiosa das comunidades cristãs. O objetivo é ensinar “quem” é Jesus — e não uma transcrição taquigráfica do que aconteceu por volta do ano 30 d.C. Daí porque é complicadíssimo
Magalhães Luís
http:// darwinedeus.blog folha.uol.com.b r/2013/07/08/ deputado-do-cam/
Yeshua nasceu em Africa. Os Evangelhos dizem de maneira explícita que Yeshua nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1 cfr. 2, 5.6.8.16), (Lc 2, 4.15), (Jo 7, 40-43). Nos tempos antigos, incluindo o tempo de Yoshke, Belém de Judá era considerado parte da África. Até à construção do Canal de Suez, Israel fazia parte da África. Esta visão haveria de perdurar até 1859, quando o engenheiro francês Ferdinand de Lesseps pôs-se a construir o Canal de Suez. A partir daí, foi a África separada não somente geográfica, mas sobretudo histórica, cultural e antropologicame nte do que hoje chamamos Oriente Médio. Aquela milenar extensão da África passa a figurar nos mapas como se fora a Ásia.
Yeshua tinha presença negra na linhagem familiar. A genealogia de Yeshua foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilónia. Nos antepassados de Yoshke através de Cam, no lado feminino desta mistura, há cinco mulheres mencionadas na genealogia do Nazoreu ( Tamar, Raabe, Rute, Bateseba e Miriam) (Mateus 1:1-16). As primeiras senhoras mencionadas eram da descendência de Cam. Assim, Yeshua pode ser aclamado etnicamente pelos povos semitas e descendentes de Cam.
Yeshua era da tribo de Judá, uma das tribos Africanas de Israel. Ancestrais masculinos de Yeshua vêm da linha de Sem (miscigenados). No entanto, a genealogia de Yeshu foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilónia. O antepassado de Yeshu através de Cam é narrado em Génesis 38: então Tamar, a mulher Cananéia (Negra) fica grávida de Judá, e dá à luz aos gêmeos Zerá e Perez, formando a Tribo de Judá, antepassados do rei David e de Yossef e Miriam, os pais terreno de Yoshke.
Yeshu escondeu-se entre os Negros. Não foi por acaso que D'us enviou a Miriam e o seu esposo Yossef para o Egito com o propósito de esconder o menino Yeshu do rei Herodes (Mateus 2:13). Ele não poderia ter sido escondido no norte da África se fosse um menino branco. Não por proteção militar já que nesta época o Egito era uma província romana sob o controle romano, mas porque o Egito ainda era um país habitado por pessoas negras. Assim, Yossef, Miriam e Yeshu teriam sido apenas mais uma família negra entre os negros, que tinham fugido para o Egito com a finalidade de esconder o Nazoreu de Herodes, que estava tentando matar o menino. Se Yeshu fosse branco, loiro de olhos azuis, teria sido difícil para ele e sua família se esconder entre os egípcios negros sem ser notado. O povo hebreu era muito parecido com o povo egípcio, caso contrario teria sido difícil reconhecer uma família hebraica entre os egípcios Negros. Foi no Egito que o povo de Israel teve o seu auge da negritude, Setenta israelitas entraram no Egito e lá ficaram durante 430 anos, trinta anos os israelitas foram hóspedes, e 400 anos cativos no Egito, eles e os seus descendentes casaram-se com não-israelitas, chegando a mais de 600.000 homens, mulheres e crianças. Saíram do Egito uma multidão misturada. Etnicamente, os seus antepassados eram uma combinação de afro-asiáticos.
Yeshua era semelhante à pedra jaspe e sardônica. No livro de Apocalipse a Bíblia (B'rit Cadasha) continua a mostrar a negritude de Yeshua. Ele é chamado o Cordeiro de D'us segundo as Escrituras Sagradas, com o seu cabelo lanoso, sendo comparado à lã de cordeiro, e os pés com a cor de bronze queimado (Apocalipse 1:15), com uma aparência semelhante à pedra jaspe e de sardônica (Apocalipse 4:3), que são geralmente pedras acastanhadas. As cores de jaspe e sardônica não são únicas e absolutas, são de diversas cores.
Fonte: Afrokut | https:// www.google.com/ search?q=jesus+e ra+de+cor+negra &oq=jesus+era+d e+cor+negra&aqs =chrome..69i57. 11746j0j4&sourc eid=chrome&espv =210&es_sm=93&i e=UTF-8
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Yeshua nasceu em Africa. Os Evangelhos dizem de maneira explícita que Yeshua nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1 cfr. 2, 5.6.8.16), (Lc 2, 4.15), (Jo 7, 40-43). Nos tempos antigos, incluindo o tempo de Yoshke, Belém de Judá era considerado parte da África. Até à construção do Canal de Suez, Israel fazia parte da África. Esta visão haveria de perdurar até 1859, quando o engenheiro francês Ferdinand de Lesseps pôs-se a construir o Canal de Suez. A partir daí, foi a África separada não somente geográfica, mas sobretudo histórica, cultural e antropologicame
Yeshua tinha presença negra na linhagem familiar. A genealogia de Yeshua foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilónia. Nos antepassados de Yoshke através de Cam, no lado feminino desta mistura, há cinco mulheres mencionadas na genealogia do Nazoreu ( Tamar, Raabe, Rute, Bateseba e Miriam) (Mateus 1:1-16). As primeiras senhoras mencionadas eram da descendência de Cam. Assim, Yeshua pode ser aclamado etnicamente pelos povos semitas e descendentes de Cam.
Yeshua era da tribo de Judá, uma das tribos Africanas de Israel. Ancestrais masculinos de Yeshua vêm da linha de Sem (miscigenados).
Yeshu escondeu-se entre os Negros. Não foi por acaso que D'us enviou a Miriam e o seu esposo Yossef para o Egito com o propósito de esconder o menino Yeshu do rei Herodes (Mateus 2:13). Ele não poderia ter sido escondido no norte da África se fosse um menino branco. Não por proteção militar já que nesta época o Egito era uma província romana sob o controle romano, mas porque o Egito ainda era um país habitado por pessoas negras. Assim, Yossef, Miriam e Yeshu teriam sido apenas mais uma família negra entre os negros, que tinham fugido para o Egito com a finalidade de esconder o Nazoreu de Herodes, que estava tentando matar o menino. Se Yeshu fosse branco, loiro de olhos azuis, teria sido difícil para ele e sua família se esconder entre os egípcios negros sem ser notado. O povo hebreu era muito parecido com o povo egípcio, caso contrario teria sido difícil reconhecer uma família hebraica entre os egípcios Negros. Foi no Egito que o povo de Israel teve o seu auge da negritude, Setenta israelitas entraram no Egito e lá ficaram durante 430 anos, trinta anos os israelitas foram hóspedes, e 400 anos cativos no Egito, eles e os seus descendentes casaram-se com não-israelitas,
Yeshua era semelhante à pedra jaspe e sardônica. No livro de Apocalipse a Bíblia (B'rit Cadasha) continua a mostrar a negritude de Yeshua. Ele é chamado o Cordeiro de D'us segundo as Escrituras Sagradas, com o seu cabelo lanoso, sendo comparado à lã de cordeiro, e os pés com a cor de bronze queimado (Apocalipse 1:15), com uma aparência semelhante à pedra jaspe e de sardônica (Apocalipse 4:3), que são geralmente pedras acastanhadas. As cores de jaspe e sardônica não são únicas e absolutas, são de diversas cores.
Fonte: Afrokut | https://
Magalhães Luís
A jornalista Megyn Kelly, âncora da Fox, sentiu-se ultrajada com um bom artigo no site da Slate [http:// www.slate.com/ articles/life/ holidays/2013/ 12/ santa_claus_an_o ld_white_man_no t_anymore_meet_ santa_the_pengu in_a_new_christ mas.html]. A autora, Aisha Harris, negra, contava como a representação de Papai Noel com um velhinho branco a confundiu na juventude. Megyn não gostou.
“Eu ri e pensei: ‘Oh, isso é ridículo. Mais uma pessoa dizendo que é racista ter um Papai Noel branco’. E, por falar nisso, para todas vocês, crianças, nos vendo em casa, Papai Noel é simplesmente branco. Papai Noel é o que é.”
Ela estendeu suas considerações a Jesus Cristo. “Jesus era branco, também. Ele era uma figura histórica, isso é um fato verificável — como Papai Noel. Só porque algo faz você se sentir desconfortável, não significa que deva mudar. Como você revisa a história e muda Noel de branco para negro?”.
Bem, noves fora o detalhe de que — parem de ler aqui, meninos — Papai Noel não existe, a diatribe de Kelly acabou causando uma certa comoção. O comediante Jon Stewart estranhou o fato de ela se dirigir a crianças num programa de notícias que passa depois das 10 da noite. “Crianças inocentes o suficiente para achar que Papai Noel existe e racistas o bastante para ficar horrorizadas”, disse.
Mas sua assertividade com relação à cor da pele de Jesus lembrou alguns bons momentos da nossa Rachel Sheherazade, a musa da direita evangélica. Especialmente porque há um consenso entre historiadores, hoje, de que, como JC era um judeu do Oriente Médio de 2 mil anos atrás, ele tinha, provavelmente, compleição escura.
O que isso muda? Nada. Deveria?
Em 2001, a BBC produziu um documentário chamado “Filho de Deus”, baseado na descoberta, na Palestina, de um crânio do século I. O estudioso do Novo Testamento Mark Goodacre foi o responsável pelas pesquisas a respeito da aparência do cabelo e da cor da pele daquela pessoa.
“As representações artísticas ao longo dos séculos têm uma variação total de Jesus e nenhuma é acurada”, diz ele. De acordo com Goodacre, o cabelo foi fácil. “Há uma referência em Paulo que diz que é vergonhoso para um homem usar cabelo comprido, de modo que parece quase certo que as pessoas desse período tinham de ter cabelo razoavelmente curto. As representações tradicionais de Jesus com uma longa cabeleira dourada são completamente imprecisas”.
As primeiras pinturas retratando judeus, que datam do século III, mostram pessoas de pele escura. “Na linguagem contemporânea, é mais seguro falar de Jesus como um ‘homem de cor’, o que significa cor de ‘azeitona’”.
Com o passar dos séculos, surgiu a imagem de JC como um europeu típico. Leonardo da Vinci e Michelangelo consagraram uma figura atlética e vencedora, coerente com o tempo em que igreja conquistava o mundo. Em 1941, o artista Warner Sallman pintou JC como um legítimo americano.
As descobertas da equipe do professor Goodacre, que resultaram num “retrato falado”, foram ignoradas pela igreja católica. No Brasil, qualquer minissérie sobre JC feita pela TV Record tem um ator branco no papel principal — o que é compreensível num país em que não há protagonista negro nem na novela das 6. Neste Natal, o lindão Robert Powell, com seus olhos da cor do Mediterrâneo, estará na TV de novo na velha cinebiografia de Zeffirelli que passa todo Natal.
Uma coisa é certa: se o Jesus histórico aparecesse por aqui, provavelmente seria mal atendido nas lojas do shopping Iguatemi, teria dificuldade de pegar um táxi à noite e a polícia pararia seu carro num cruzamento.
A jornalista Megyn Kelly, âncora da Fox, sentiu-se ultrajada com um bom artigo no site da Slate [http://
“Eu ri e pensei: ‘Oh, isso é ridículo. Mais uma pessoa dizendo que é racista ter um Papai Noel branco’. E, por falar nisso, para todas vocês, crianças, nos vendo em casa, Papai Noel é simplesmente branco. Papai Noel é o que é.”
Ela estendeu suas considerações a Jesus Cristo. “Jesus era branco, também. Ele era uma figura histórica, isso é um fato verificável — como Papai Noel. Só porque algo faz você se sentir desconfortável,
Bem, noves fora o detalhe de que — parem de ler aqui, meninos — Papai Noel não existe, a diatribe de Kelly acabou causando uma certa comoção. O comediante Jon Stewart estranhou o fato de ela se dirigir a crianças num programa de notícias que passa depois das 10 da noite. “Crianças inocentes o suficiente para achar que Papai Noel existe e racistas o bastante para ficar horrorizadas”, disse.
Mas sua assertividade com relação à cor da pele de Jesus lembrou alguns bons momentos da nossa Rachel Sheherazade, a musa da direita evangélica. Especialmente porque há um consenso entre historiadores, hoje, de que, como JC era um judeu do Oriente Médio de 2 mil anos atrás, ele tinha, provavelmente, compleição escura.
O que isso muda? Nada. Deveria?
Em 2001, a BBC produziu um documentário chamado “Filho de Deus”, baseado na descoberta, na Palestina, de um crânio do século I. O estudioso do Novo Testamento Mark Goodacre foi o responsável pelas pesquisas a respeito da aparência do cabelo e da cor da pele daquela pessoa.
“As representações artísticas ao longo dos séculos têm uma variação total de Jesus e nenhuma é acurada”, diz ele. De acordo com Goodacre, o cabelo foi fácil. “Há uma referência em Paulo que diz que é vergonhoso para um homem usar cabelo comprido, de modo que parece quase certo que as pessoas desse período tinham de ter cabelo razoavelmente curto. As representações tradicionais de Jesus com uma longa cabeleira dourada são completamente imprecisas”.
As primeiras pinturas retratando judeus, que datam do século III, mostram pessoas de pele escura. “Na linguagem contemporânea, é mais seguro falar de Jesus como um ‘homem de cor’, o que significa cor de ‘azeitona’”.
Com o passar dos séculos, surgiu a imagem de JC como um europeu típico. Leonardo da Vinci e Michelangelo consagraram uma figura atlética e vencedora, coerente com o tempo em que igreja conquistava o mundo. Em 1941, o artista Warner Sallman pintou JC como um legítimo americano.
As descobertas da equipe do professor Goodacre, que resultaram num “retrato falado”, foram ignoradas pela igreja católica. No Brasil, qualquer minissérie sobre JC feita pela TV Record tem um ator branco no papel principal — o que é compreensível num país em que não há protagonista negro nem na novela das 6. Neste Natal, o lindão Robert Powell, com seus olhos da cor do Mediterrâneo, estará na TV de novo na velha cinebiografia de Zeffirelli que passa todo Natal.
Uma coisa é certa: se o Jesus histórico aparecesse por aqui, provavelmente seria mal atendido nas lojas do shopping Iguatemi, teria dificuldade de pegar um táxi à noite e a polícia pararia seu carro num cruzamento.